Esporte e identidade nacional no Brasil: negociações em torno de quatro ídolos
Palavras-chave:
esporte e sociedade, heróis esportivos, identidade nacional, Brasil.Resumo
O esporte é uma das importantes expressões do mundo moderno e está no centro das identidades nacionais. Não é diferente no Brasil, onde os exemplos da relação entre esporte e construção das identidades são freqüentes, principalmente a partir da segunda metade do breve século vinte. No presente artigo são apresentados alguns aspectos da construção da identidade nacional por meio do esporte em torno do imaginário referente a quatro “heróis” esportivos nacionais: o futebolista Pelé, o enxadrista Mequinho, o piloto Ayrton Senna e o tenista Gustavo Kuerten. Para tanto selecionamos e analisamos reportagens, crônicas e manchetes de diários e revistas semanais brasileiras em diferentes períodos entre 1970 e 2000. Os resultados sugerem importantes diferenças na construção de cada um desses “heróis”: Pelé seria expressão do negro em uma sociedade racista; Mequinho, o “cérebro da nação”; Senna seria apresentado como o homem que domina a máquina; Kuerten demarcaria, por outro lado, o “bom moço” do fair-play. Esses “heróis” e sua imagens mitológicas, malgrado suas contradições, parecem ser conciliados no imaginário social que representa a identidade nacional também em outros campos para além do esporte.
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