Recordações fotográficas do hipismo brasileiro nos Jogos Olímpicos (1948-1996)
DOI:
https://doi.org/10.20868/mhd.2024.27.5074Palavras-chave:
hipismo, Jogos Olímpicos, fotografia, História do Esporte, memória esportivaResumo
O movimento olímpico da modernidade e o processo de industrialização emergem praticamente no mesmo momento, quando o esporte é vislumbrado como um instrumento benéfico para manter o corpo produtivo e controlado. Nessa direção, as máquinas e as aspirações de ruptura com as representações culturais identificadas com o antigo fazem-se necessárias à conformação de outro imaginário social. O hipismo é uma das práticas esportivas que pode exemplificar a construção de descontinuidades e continuidades de representações na dinâmica entre o antigo e o moderno. O objetivo da pesquisa é investigar que representações culturais da modalidade do salto do hipismo foram estabelecidas por meio de fotografias veiculadas em reportagens sobre a participação brasileira nos Jogos Olímpicos entre os anos de 1948 e 1996. O recorte temporal da pesquisa situa-se entre o ano de 1948, quando, pela primeira vez, atletas brasileiros da modalidade Salto do Hipismo representaram o país em Jogos Olímpicos, e estende-se até o ano de 1996, o qual baliza a conquista da primeira medalha olímpica brasileira na referida modalidade hípica. De tal modo, atrelamos dois artefatos de modernidade e sua relação com o movimento olímpico, ao aplicarmos, como metodologia, a análise de imagens veiculadas pelas reportagens sobre as delegações brasileiras no cenário olímpico. Além disto, foram submetidos, à análise documental, jornais, revistas e demais periódicos que continham a temática disponível na Hemeroteca Digital (BNDigital) da Fundação Biblioteca Nacional. Ademais, foram acessadas imagens disponíveis em centros de memória do esporte, sites da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH), de federações estaduais e da Federação Equestre Internacional (FEI). Diante da problemática da imagem como operador da memória esportiva e artefato de modernidade, a interpretação dos indícios está amparada no campo da Nova História Cultural, a fim de compreender como sucedeu o registro e quais as suas funções na composição de um artefato ou lugar de memória. Do mesmo modo, buscamos interpenetrar os registros que se conservam e aqueles que não permanecem, ao empenharmo-nos em cruzar aqueles que estão disponíveis nos centros de memória e nos sites oficiais com os demais encontrados na imprensa do período.
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