História do desporto e circuitos transatlânticos: a via dupla entre a América Latina e a Península Ibérica

Resumen

O esporte em nossa sociedade é um fenômeno profundamente marcado pelo trânsito cultural. Sua sistematização, como o conhecemos, na Europa do final do século XVIII, bem como sua subsequente expansão global, foram inicialmente impulsionadas pela vasta presença europeia em várias partes do mundo, fosse de modo imperial ou não. Atualmente, pode-se dizer que não há país onde o esporte não esteja presente de alguma forma. Sua popularidade reside, entre outras coisas, em sua notável capacidade de adaptação, tornando-se um fenômeno “glocal”, ou seja, com uma estrutura global, mas que se adapta a diferentes contextos culturais locais, como os antropólogos vêm nos dizendo há algum tempo. Esse processo de adaptação e transformação deu origem a um diálogo constante entre o local e o global, moldando identidades esportivas únicas e sociologicamente muito interessantes em diferentes regiões que conheceram, se identificaram e se apaixonaram por determinados esportes.
No caso dos países ibero-americanos, os diálogos e os trânsito esportivos nem sempre foram evidentes ou explícitos na extensa historiografia sobre a história do esporte, apesar dos avanços recentes nesse sentido, que precisam ser comemorados. De fato, as relações esportivas transatlânticas geraram uma série de trocas e traduções que refletem e consolidam laços históricos e culturais mais profundos, fortalecendo a relevância do estudo do tema.
Esta edição especial da Materiales para la Historia del Deporte tem como objetivo destacar ainda mais as relações históricas entre os países da Península Ibérica e da América Latina no campo do esporte. Neste contexto, é importante tentar explorar tanto a influência e os intercâmbios vindos de Espanha e Portugal para a América Latina, como as contribuições, ressignificações e influências latinoamericanas na construção da cultura desportiva na Península Ibérica.