A importância das tecnologias sociais para enfrentar a escassez hídrica e para o desenvolvimento
Keywords:
Tecnologias Sociais, Desenvolvimento, Semiárido, Mudanças Climáticas, Escassez Hídrica, Tecnologías Sociales, Desarrollo, Cambio Climático, Escasez de AguaAbstract
Resumo
O momento atual é de grave escassez hídrica, provocada, em grande parte, pelas mudanças climáticas globais, bem como pela má utilização e gestão dos recursos. Entretanto, é sabido que milhares de comunidades em todo o mundo há séculos enfrentam problemas de falta de água, especialmente em zonas de clima árido e semiárido do planeta. Torna-se, assim, extremamente relevante conhecer como estas comunidades, utilizando seus conhecimentos locais sobre seca e falta de água, vêm garantindo sua sobrevivência. Somente assim se poderá aproveitar todo o potencial deste conhecimento em diferentes contextos e regiões.
O presente artigo apresentará três exemplos destas experiências, desenvolvidos no Brasil, e que adotaram como solução tecnológica para seus problemas sociais e ambientais as denominadas tecnologias sociais de convivência com o semiárido. Selecionados de um mapeamento no Estado da Bahia de 27 tecnologias sociais que contribuem para o enfrentamento local das mudanças climáticas e para melhorias da qualidade de vida das comunidades que o adotam, os três casos foram eleitos por buscarem soluções para problemas vinculados à falta de água, e por utilizarem bombas de água manuais entre as técnicas adotadas.
O estudo demonstra a potencialidade das tecnologias sociais de convivência com as adversidades climáticas da região como um importante aporte para as estratégias de desenvolvimento do Semiárido brasileiro, especialmente as ligadas à água para consumo humano e produção de alimentos. Desta forma, as boas práticas identificadas ao longo do presente estudo podem ser de grande utilidade para o desenho de mecanismos e estratégias de desenvolvimento e enfrentamento às mudanças climáticas em outras regiões semiáridas do planeta.
Resumen
Actualmente, muchos países tienen menos agua de la que necesitan, y esto se está viendo agravado en gran parte por el cambio climático global y por la mala gestión de los recursos naturales. Frente a esta realidad, se sabe que muchas comunidades locales repartidas por todo el mundo, llevan siglos sobreponiéndose a problemas vinculados a la falta de agua, especialmente en las regiones áridas y semiáridas del planeta. Conocer en detalle cómo estas comunidades, utilizando sus conocimientos locales sobre sequía y falta de agua, vienen garantizando su supervivencia, es extremadamente relevante para aprovechar todo el potencial de estos conocimientos en diferentes contextos y regiones.
En el presente artículo se presentarán tres ejemplos de estas experiencias basadas en el conocimiento local que han sido desarrolladas en Brasil, y que tienen en común el adoptar como solución tecnológica para sus problemas ambientales y sociales, las denominadas tecnologías sociales de convivencia con el semiárido. Estos casos de estudio han sido seleccionados de un mapeo llevado a cabo en el estado de Bahía, en el que se identificaron un total de 27 tecnologías sociales con potencial para contribuir por un lado al enfrentamiento del cambio climático y, por otro lado a las mejoras en las condiciones de vida de aquellas comunidades en las que se instalaba la tecnología. Los tres casos también tienen en común el hacer frente a problemas vinculados a la falta de agua, y el utilizar bombas de agua manuales entre las diversas técnicas de las que se compone cada tecnología social.
El estudio demuestra el gran potencial de las tecnologías sociales de convivencia con el semiárido para hacer frente a las adversidades climáticas, al mismo tiempo que suponen una importante contribución a las estrategias de desarrollo del semiárido brasileño. Además los resultados sugieren que este potencial es especialmente significativo en aquellas tecnologías en las que se vinculan acciones ligadas al agua para el consumo humano y para la producción de alimentos. Las buenas prácticas identificadas a lo largo del presente estudio pueden ser de gran utilidad para el diseño de mecanismos y estrategias de desarrollo y cambio climático en otras regiones semiáridas del planeta.
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